sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Diálogo











Desordem









Nada!






Nada se diz hoje
quando a chuva cai
e a dor faz sombra
aos transeuntes
que caminham sem
destino, sem fé.

Nada se diz ...

Nada se diz hoje
quando a lágrima
acolhida pelo flagelo
da miséria da alma
e do corpo
não é reconhecida.

Nada se diz
Nada

Nada se diz hoje
quando o grito
e o silêncio
se fazem sofrimento
em cada canto
desse mundo.

Nada se diz... ou se faz...

Nada!














Palavras Repetidas Gabriel O Pensador

A Terra tá soterrada de violência

De guerra, de sofrimento, de desespero

A gente tá vendo tudo, tá vendo a gente

Tá vendo, no nosso espelho, na nossa frente

Tá vendo, na nossa frente, aberração

Tá vendo, tá sendo visto, querendo ou não

Tá vendo, no fim do túnel, escuridão

Tá vendo no fim do túnel escuridão

Tá vendo a nossa morte anunciada

Tá vendo a nossa vida valendo nada

Tô vendo, chovendo sangue no meu jardim

Tá lindo o sol caindo, que nem granada

Tá vindo um carro-bomba na contramão

Tá vindo um carro-bomba na contramão

Tá vindo um carro-bomba na contramão

Tá vindo o suicida na direção



"É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã

porque se você parar pra pensar a verdade não há"



A bomba tá explodindo na nossa mão

O medo tá estampado na nossa cara

O erro tá confirmado, tá tudo errado

O jogo dos sete erros, que nunca pára

7, 8, 9, 10... cem

Erros meus, erros seus e de Deus também

Estupidez, um erro simplório

A bola da vez, enterro, velório

Perda total, por todos os lados

Do banco do ônibus ao carro importado

Teu filho morreu? meu filho também

Morreu assaltando, morreu assaltado

Tristeza, saudade, por todos os lados

Tortura covarde, humilha e destrói

Eu vejo um Bin Laden em cada favela

Herói da miséria, vilão exemplar

Tortura covarde, por todos os lados

Tristeza, saudade, humilha e destrói

As balas invadem a minha janela

Eu tava dormindo, tentando sonhar



"É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã

porque se você parar pra pensar a verdade não há"



Sou um grão de areia no olho do furacão

Em meio a milhões de grãos

Cada um na sua busca, cada bússola num coração

Cada um lê de uma forma o mesmo ponto de interrogação

Nem sempre se pode ter fé

Quando o chão desaparece embaixo do seu pé

Acreditando na chance de ser feliz

Eterna cicatriz

Eterno aprendiz das escolhas que fiz

Sem amor, eu nada seria

Ainda que eu falasse a língua de todas as etnias

De todas as falanges, e facções

Ainda que eu gritasse o grito de todas as Legiões

Palavras repetidas

Mas quais são as palavras que eu mais quero repetir na Vida?

Felicidade, Paz, fé...

Felicidade, Paz, Sorte

Nem sempre se pode ter Fé, mas nem sempre

A fraqueza que se sente quer dizer que a gente não é forte.

À flor da pele






Rasgo o canto dos olhos

com um largo sorriso,
com o sal das minhas lágrimas.










Sonho De Uma Flauta

O Teatro Mágico



Nem toda palavra é

Aquilo que o dicionário diz

Nem todo pedaço de pedra

Se parece com tijolo ou com pedra de giz



Avião parece passarinho

Que não sabe bater asa

Passarinho voando longe

Parece borboleta que fugiu de casa



Borboleta parece flor

Que o vento tirou pra dançar

Flor parece a gente

Pois somos semente do que ainda virá



A gente parece formiga

Lá de cima do avião

O céu parece um chão de areia

Parece descanso pra minha oração



A nuvem parece fumaça

Tem gente que acha que ela é algodão

Algodão as vezes é doce

Mas as vezes né doce não



Sonho parece verdade

Quando a gente esquece de acordar

O dia parece metade

Quando a gente acorda e esquece de levantar

Hum... E o mundo é perfeito

Hum... E o mundo é perfeito

E o mundo é perfeito



Eu não pareço meu pai

Nem pareço com meu irmão

Sei que toda mãe é santa

Sei que incerteza traz inspiração



Tem beijo que parece mordida

Tem mordida que parece carinho

Tem carinho que parece briga

Tem briga que aparece pra trazer sorriso



Tem riso que parece choro

Tem choro que é por alegria

Tem dia que parece noite

E a tristeza parece poesia



Tem motivo pra viver de novo

Tem o novo que quer ter motivo

Tem aquele que parece feio

Mas o coração nos diz que é o mais bonito



Descobrir o verdadeiro sentido das coisas

É querer saber demais

Querer saber demais



Sonho parece verdade

Quando a gente esquece de acordar

O dia parece metade

Quando a gente acorda e esquece de levantar



Mas sonho parece verdade

Quando a gente esquece de acordar

E o dia parece metade

Quando a gente acorda e esquece de levantar

E o mundo é perfeito

E o mundo é perfeito

E o mundo é perfeito...

Atemporal





Que o objeto do meu desejo
colha orvalho com a própria língua
e, num ardente beijo,
não me deixe morrer à míngua.

Suscite as estrelas cadentes
adormecidas em meu colo
e, com olhar quente,
faça do amor mais que consolo.

Provoque toda a alegria
das sílabas abraçadas em rimas.
E no caminhar dessa poesia,
a vida renasce e se ilumina.

















Pra falar verdade, às vezes minto

Tentando ser metade do inteiro que eu sinto

Pra dizer as vezes que as vezes não digo

Sou capaz de fazer da minha briga meu abrigo

Tanto faz não satisfaz o que preciso

Além do mais quem busca nunca é indeciso

Eu busquei quem sou, voce pra mim mostrou

Que eu não sou sozinha nesse mundo.



Cuida de mim enquanto não esqueço de voce

Cuida de mim enquanto finjo que sou quem eu queria ser.

Cuida de mim enquanto não me esqueço de voce

Cuida de mim enquanto finjo, enquanto fujo.



Basta as penas que eu mesmo sinto de mim

Junto todas crio asas viro querubim

Sou da cor do tom, sabor e som que quiser ouvir

Sou calor, clarão e escuridão que te faz dormir

Quero mais, quero a paz que me prometeu

Volto atras se voltar atras assim como eu.



Busquei quem sou

Voce pra mim mostrou

Que eu não estou sozinho nesse mundo.



Cuida de mim enquanto não esqueço de voce

Cuida de mim enquanto finjo que sou quem eu queria ser.

Cuida de mim enquanto não me esqueço de voce

Cuida de mim enquanto finjo, enquanto fujo.

sexta-feira, 4 de março de 2011

MEL




Particularmente sempre achei exagerada a relação de algumas pessoas com os animais. Quando o assunto era animal de estimação, aquilo me intrigava ainda mais. Nunca fui de ter qualquer atitude que fosse prejudicar um animal, mas, sinceramente, nunca quis ter um animal de estimação.
Meados de agosto, noite fria, dia do aniversário do meu filho. Batem à porta. Ao abri-la, estava, a sorrir e com uma cachorrinha bebê meio vira-lata nos braços, uma grande amiga minha. Lembrou-se do aniversário do meu filho e quis presenteá-lo de uma forma diferente.

O que fazer, meu Deus!

Meu filho e minha filha viram a cachorrinha nos braços de Vitória e foi amor à primeira vista.

-Meninos, não podemos. Vejam bem, eu não tenho tempo para cuidar. E vocês nunca cuidaram de um animal de estimação.

- Ah, mãe, porque você nunca deixou que a gente tivesse um...

Risadas e, para mim, momento desconcertante, contribuíram para a permanência daquele bichinho tão pequenino.

Deram-lhe o nome de Mel, porque tinha um olhar que nos lambuzava. Marrom, de olhos azuis. Hoje, por ironia do destino, cor de mel.

Tudo foi improvisado para aquele momento. Eu tinha um balde grande. Coloquei-a nele, peguei cobertas velhas e a cobri, embrulhadinha. Dormiu no meu quarto. Não foi apenas uma noite não. Foram muitas.

Rapidinho se habituou a fazer as necessidades no gramado do jardim. Porém, isso acontecia também nas noites muito frias e chuvosas.E para limpar o jardim não era muito fácil. Notei que as roseiras ficaram mais viçosas... Uma gripe forte pegou-me ao longo desses cuidados.

Afinal, o que estava havendo comigo? Não sabia explicar.

Mel foi crescendo amada e muito saudável. As peraltices cresciam junto. Estragou mais de um par de chinelos, alguns tapetes, até a churrasqueira, cavando em alguns tijolos quebrados, comendo tudo o que visse pela frente.

Certo dia, ao chegar em casa, após o trabalho, notei que a Mel não estava nada bem. Quando meus filhos chegaram do colégio, ficaram desesperados, porque me viram angustiada. Aproximei-me da Mel, passei a mão sobre a cabeça dela e senti que ela estava com febre. Seus olhos, tão cativantes, estavam muito tristes. Tão tristes que me fizeram chorar. Foi o bastante para as crianças desabarem em lágrimas.

Chamei o veterinário:

- Infecção intestinal. Ela vai ficar boa, após aplicação desse antibiótico. Esse tipo de cachorro come tudo o que vê pela frente. Com certeza, vocês terão mais sustos com ela. Guardem o nome do remédio. Irão precisar.

O susto passou e, por enquanto, não precisamos mais do remédio, cuja embalagem continua guardada.

Hoje penso na ternura, no amor incondicional, na pureza desses animais. Coisa que nunca tinha percebido. Vejo que não dá para ser feliz completamente, sem a presença dela.

Mel continua muito arteira e me encanta a cada sapato que pega e sai, em disparada, com ele na boca. A cada vez que corre para um colchão-reserva, que tenho debaixo da cama e no qual ela adora se deitar. A cada vez que vem me receber, toda feliz, quando chego do trabalho, deitando para que eu lhe faça carinho.

Definitivamente Mel influenciou uma mudança em mim. E para melhor.

Luas de Galileu

MULHER




MULHER



Metamorfoseias em crisálidas


tuas formas e cores.


Dobra-te sobre tuas asas,


no descanso ou na reflexão


do teu dia.


Alimenta-te vorazmente


dos teus anseios, desejos,


Vales escondidos...


Absorves o néctar das flores,


o suco das frutas,


o mel da tua própria essência.


Polinizas consciências, corações,


tantas almas.


De espírito imortal,


ressurges com toda a potencialidade


do Ser.

Anoiteceu no mar


Anoiteceu no mar.
Da triste e bela noite,
respingou-se saudade
doída e vívida.
As ondas,
crespas e voluptuosas,
trouxeram lembranças
em suas cristas.
A noite, então,
tornou-se plena
e ainda triste,
e ainda bela.
Por fim, cansada
de tamanho esforço,
debruçou-se
sobre si mesma,
para adormecer no mar.

Carnaval






Máscaras cobrem

esses dias de folia,

talvez

todos os nossos dias


Pierrô pinta

o rosto e a esperança,

Colombina

em seus braços de palhaço.


- Ai, Colombina, tua

dura indecisão

serpenteia entre

dois corações.


O triângulo se faz.


Arlequim mascarado,

em triângulo (amoroso),

saltita, espertalhão,

no coração da moça.

Ela roda e canta e dança,

pela madrugada.


Pierrô, de olhos triste

e boca escancarada,

divide o coração da

da foliona, entre

o palhaço e o canalha.


Essa história não tem fim.


É a história das nossas horas,

dos carnavais de outrora

e dos que ainda estão por vir.